O plano de expansão do Instituto Butantan, que prevê a derrubada de mais de 6.600 árvores no bairro do Butantã, Zona Oeste de São Paulo, segue provocando protestos e indignação. A obra, aprovada em 2021 e voltada a ampliar a produção de vacinas, é alvo de críticas de ambientalistas e moradores, que denunciam falta de diálogo e risco de impacto ambiental irreversível.
Entre as principais sugestões apresentadas pela comunidade está a transferência do projeto para a fazenda que o Instituto possui em Araçariguama, no interior de São Paulo. Para os defensores da ideia, a mudança preservaria o verde remanescente da capital e evitaria a destruição de um importante corredor ecológico.
“O Instituto tem uma fazenda enorme em Araçariguama. Por que não transferem a expansão para lá?”, questiona uma ambientalista e moradora da região.
Segundo estudo interno, a propriedade em Araçariguama abriga diversas espécies de aves, répteis e anfíbios, além de integrar a conexão natural entre áreas como o Parque Jequitibá, o Cemucam (Raposo Tavares) e a Reserva do Morro Grande (Cotia).
O projeto atual prevê a supressão de vegetação para construção de um restaurante, uma central de medicamentos, ampliação de áreas para animais de laboratório e intervenções turísticas e industriais, incluindo estacionamento. A Fundação Butantan afirma que haverá compensação ambiental com o plantio de 9.260 mudas, medida considerada insuficiente pelos ambientalistas.
Apesar das críticas, a instituição sustenta que o plano tem autorização dos órgãos de preservação Conpresp e Condephaat. No entanto, a aprovação gerou polêmica após vir à tona que o presidente do Condephaat, Carlos Faggin, é também o arquiteto responsável pelo projeto, levantando suspeitas de conflito de interesses e favorecimento ilegal, investigados pelo Ministério Público.
Sem audiências públicas ou consultas à população, o impasse se mantém. Enquanto o Instituto Butantan não se pronuncia oficialmente sobre a proposta de transferir a expansão para Araçariguama, a comunidade promete continuar mobilizada para proteger as áreas verdes da cidade.