O Ministério Público do Estado de São Paulo identificou uma série de problemas no atendimento aos animais resgatados em Campinas e determinou que a prefeitura adote medidas imediatas para corrigir falhas consideradas graves. A análise também alcança o abrigo localizado na região de Mairinque e São Roque, contratado pelo município para acolher parte dos animais, e que deverá ter o vínculo revisto.
A vistoria foi conduzida pela promotora Luciana Ribeiro Guimarães Viegas de Carvalho, que verificou que o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBea) de Campinas não oferece assistência veterinária fora do horário comercial, o que inclui noites, fins de semana e feriados. Segundo o relatório, essa limitação compromete rotinas básicas, como a administração de medicamentos, e coloca em risco animais que chegam em situação de urgência.
O documento também aponta a ausência de exames essenciais como hemogramas e testes para doenças infecciosas, entre elas cinomose e esporotricose e a inexistência de áreas de isolamento adequadas, o que compromete diagnóstico e tratamento. A promotoria lembrou, ainda, que um alerta semelhante já havia sido registrado no início do ano.
A reunião realizada na Cidade Judiciária reuniu prefeitura, ONGs e protetores independentes, responsáveis pela denúncia. Durante o encontro, o Executivo informou que prepara um novo convênio com a PUC-Campinas, que deverá oferecer atendimento contínuo por meio da faculdade de medicina veterinária. A administração também se comprometeu a trazer de volta, em cerca de dois meses, os gatos atualmente mantidos no abrigo da região de Mairinque e São Roque.
Entre os denunciantes estão veterinárias, organizações de proteção animal e servidores públicos que afirmam que as irregularidades já haviam sido comunicadas anteriormente, sem que medidas práticas fossem adotadas. A advogada ambiental Angélica Soares, que representa o grupo, reforça que a situação exige respostas urgentes. Segundo ela, “as obras são positivas, mas não tratam o sofrimento imediato dos animais que aguardam atendimento”.
A prefeitura afirmou que o atendimento emergencial é realizado por profissionais de sobreaviso e que o novo convênio prevê serviço contínuo, 24 horas por dia. Disse ainda que os veterinários do DPBea passaram por concurso público e que há orientação para manter prontuários atualizados. Sobre os exames, informou que a parceria com a universidade contemplará os procedimentos laboratoriais necessários.
O município também anunciou que as duas primeiras fases das obras do departamento devem ser concluídas até dezembro, incluindo novos canis, gatis e espaços de zoonoses com áreas de isolamento e internação. Uma terceira etapa prevê a construção de um quarentário, hospital veterinário e reforma dos canis existentes.
Apesar dos avanços anunciados, a promotoria e os protetores pedem soluções imediatas. Funcionários de sobreaviso, responsáveis pelo atendimento fora do expediente, também enfrentam atrasos no pagamento de horas extras, com regularização prevista até o fim de novembro, segundo a prefeitura.
A situação segue acompanhada pelo Ministério Público.
