Alterações hormonais, perda de massa magra e mudança no metabolismo são alguns dos fatores que dificultam a perda de peso em mulheres 40+
Com o avanço da idade, emagrecer e manter o corpo ativo e sadio passa a ser mais desafiador, principalmente para as mulheres. A partir dos 40 anos, as alterações hormonais e a perda de massa magra reduzem o gasto calórico e retardam o emagrecimento.
Segundo dados do IBGE, as consultas relacionadas à obesidade representam 35,8% dos atendimentos médicos primários a adultos entre 40 e 59 anos na rede pública de saúde — a maioria deles, mulheres. Além disso, estudos recentes do Brasil e do exterior indicam que a desaceleração do metabolismo e a resistência à insulina — questões típicas da idade — não só dificultam a queima de gordura, como também favorecem seu acúmulo.
Emagrecer nunca foi um problema para a médica Valdirene Fagundes Jácomo. Quando percebia alguma alteração no peso, ela redobrava os cuidados com a dieta e emagrecia com facilidade. Mas, perto dos 40 anos, essa realidade mudou. “Aos 41, entrei na menopausa e tive diagnóstico de Síndrome Metabólica. Estava com sobrepeso, pré-diabetes e elevação dos níveis de colesterol e triglicérides”, relata a médica.
A síndrome a que a médica se refere é caracterizada por um conjunto de alterações no organismo que elevam o risco de problemas cardiovasculares. Preocupada com o rumo que sua saúde tomava, Valdirene recorreu à ajuda de profissionais. Como médica pós-graduada em endocrinologia, prescreveu sua própria suplementação e reposição hormonal, mas também procurou uma nutricionista e um personal trainer.
Passou a seguir uma dieta personalizada e treinar de quatro a cinco vezes por semana. Em seis meses, saiu dos 70kg para os 56kg. “Hoje, sou uma nova mulher. Minha vida mudou para muito melhor”, comemora.
Dieta e treino
Para perder peso com saúde, a alimentação desse público precisa ser diferenciada. Segundo o nutricionista Felipe Leite, da Impact Transformation Center, não existe uma dieta específica para mulheres acima dos 40 anos, mas algumas questões merecem atenção. Acrescentar grãos integrais, vegetais, frutas e gorduras boas — como oleaginosas e azeite — pode amenizar os sintomas da menopausa. Já o controle da ingestão de carboidratos refinados auxilia em relação à resistência insulínica, enquanto o consumo de proteínas magras contribui para a preservação da massa magra.
Porém, o nutricionista alerta que é preciso tomar cuidado com dietas radicais. “Quanto mais restritiva for a alimentação, maior a chance da pessoa desistir ou até mesmo desenvolver compulsão alimentar. Comece pequeno, trocando o ‘tudo ou nada’ por um passo de cada vez, e planeje suas refeições para não comer por impulso ou fazer escolhas erradas”, aconselha.
Já em relação às atividades físicas, é comum que os profissionais apliquem nas alunas dessa faixa etária um método chamado ‘circuito metabólico’, que combina exercícios de alta intensidade com curtos períodos de descanso.
O personal trainer Rodrigo Gusmão, da Impact Transformation Center, explica que o objetivo dessa técnica é aumentar o gasto calórico por mais tempo: “Nesse tipo de treino, o aluno que está com as reservas de energia baixas devido à dieta consegue ter um bom desempenho, pois as repetições são maiores, mas as cargas são menores. Intercalamos isso com exercícios aeróbios que elevam a frequência cardíaca, e isso potencializa a queima de gordura durante e após o treino”.
Ainda assim, o processo de emagrecimento pode levar meses ou até anos, dependendo da quantidade de peso a ser perdida e do metabolismo de cada mulher. Além disso, a luta não termina quando se atinge o ‘corpo dos sonhos’ — esse público ainda enfrenta desafios para manter essa conquista.
Sobre isso, os especialistas defendem que o ideal é haver uma mudança completa na rotina. “É preciso ter paciência, respeitar o tempo do processo e, aos poucos, ir mudando hábitos para que esses resultados não sejam passageiros, apenas um ‘projeto verão’, mas uma transformação para a vida inteira”, encerra o personal.