Outubro Rosa: Mastectomia preventiva reduz em até 90% o risco de câncer de mama

Cirurgia é indicada para mulheres com mutação genética que eleva para 60% as chances de desenvolver a doença

Com a chegada do mês de outubro, o movimento Outubro Rosa volta a trazer foco para a prevenção do câncer de mama, doença que afeta 73 mil novas mulheres todos os anos no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer.

A ação visa incentivar a realização periódica de mamografias e demais exames que possam detectar a doença de maneira precoce. Porém, além do monitoramento preventivo recomendado a todas as mulheres, existe uma cirurgia indicada especialmente para aquelas que possuem mais de 60% de chances de desenvolver a doença: a mastectomia total preventiva.

Trata-se da retirada completa das mamas, com o intuito de reduzir em até 90% o risco de câncer. Esse procedimento é recomendado para todas as mulheres que têm uma deficiência nos genes BRCA1 ou BRCA2, responsáveis por produzir proteínas que evitam o desenvolvimento de células cancerígenas.

Foi o caso da auxiliar administrativa Maraiza Venâncio, de 41 anos, que optou pela mastectomia preventiva após descobrir ser portadora de uma mutação genética no BRCA1. A revelação veio após a irmã, a tia e a prima dela terem sido diagnosticadas com câncer de mama na mesma época. Antes disso, a avó já havia falecido da mesma doença, aos 34 anos.

Devido ao histórico familiar, uma médica sugeriu que todas as mulheres da família fizessem o teste genético, que deu positivo para mais três delas, incluindo Maraiza. “Ficamos sem saber o que fazer e resolvemos passar por um mastologista, que recomendou a mastectomia total com reconstrução imediata”, conta a auxiliar administrativa.

A retirada das mamas foi realizada pelo mastologista e, no mesmo dia, Maraiza já passou pela cirurgia reparadora. Para o médico responsável pela reconstrução, o cirurgião plástico Delmo Sakabe, fazer as duas cirurgias em sequência foi uma decisão acertada.

“Realizar a reconstrução mamária imediatamente traz benefícios emocionais e estéticos, porque a paciente não tem a sensação ruim da ausência das mamas”, aconselha.

Ele conta que, para devolver forma às mamas da paciente, foram utilizadas próteses de silicone, mas é possível fazer a reparação utilizando tecidos da própria pessoa. A escolha do método deve ser feita em comum acordo entre médico e paciente, porém, a diferença do tempo de recuperação é bastante significativa.

“Quando usamos prótese, a volta às atividades é mais rápida: em torno de duas a três semanas. Já quando usamos tecido do próprio corpo, a cirurgia é maior e a paciente pode levar de um a dois meses para se sentir bem no dia a dia”, explica o cirurgião.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a reconstrução mamária representa cerca de 6% das cirurgias reparadoras realizadas no Brasil. Ainda assim, na prática, apenas 20% das pacientes mastectomizadas tiveram acesso à cirurgia reconstrutiva, e somente 10% garantiram a reparação imediata.

Para Maraiza, a retirada e reconstrução das mamas foi uma escolha que trouxe bastante alívio. “Fiquei muito feliz com o resultado das cirurgias e mais ainda por ter prevenido uma doença tão sofrida quanto o câncer”, encerra.

Preparo psicológico

A mastectomia — seja ela total ou parcial — representa, para muitas mulheres, uma perda simbólica da feminilidade, o que pode gerar insegurança e, até mesmo, um afastamento social ou conjugal, já que a autoestima tende a ser muito afetada nesses casos.

“É uma situação que precisa ser conduzida com muito acolhimento, para que a mulher possa ir se reconhecendo aos poucos. Isso não deixa de ser um processo de luto”, explica a psicóloga Flávia Perez, da Clínica Impact.

Para ela, o acompanhamento psicológico é fundamental antes e depois das cirurgias; afinal, a paciente precisa estar preparada para os impactos físicos e emocionais da mastectomia e da reparação.

“São duas situações extremas: a primeira retira algo da feminilidade da mulher e a segunda repõe com um material externo. A preparação emocional ajuda a reduzir a ansiedade e a fortalecer as estratégias de enfrentamento, criando um espaço seguro para essa paciente”, conclui.

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